Dormir e comer dentro de casa é um privilégio que centenas de palmeirenses descartaram para torcer por seu clube. A possibilidade de conquistar um título expressivo depois de nove anos fez com que a Rua Turiassú fosse tomada nesta segunda-feira por torcedores à espera da abertura das bilheterias do Palestra Itália. Vale tudo para marcar presença na final do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Ponte Preta, às 16h deste domingo.
A administração alviverde anunciou que a venda dos 25 mil ingressos destinados à torcida do Verdão começará às 10h desta terça-feira, mas 12 horas antes cerca de 400 pessoas formavam a fila ao lado do estádio, e a expectativa era de que o número aumentasse durante a madrugada. Aglomeração que não deve ter sido esperada pelos diretores, já que nenhum funcionário do clube ou da Polícia Militar estava no local – de acordo com relatos, somente duas viaturas passaram, sem parar.
Dentre os muitos fanáticos, a maioria é composta por jovens, com idades entre 18 e 25 anos. Destes, quem ocupa lugar “privilegiado” é Gilberto Bezerra da Silva, de 22 anos. Morador de Diadema, cidade da Grande São Paulo, Gilberto é o primeiro da fila. Posição conquistada graças ao atípico horário em que chegou ao Palestra Itália: 5h da madrugada de domingo para segunda-feira.
Muitos casais, munidos de cobertores, bebidas e alimentos para esquentar a noite, passarão sentados no chão em frente à arena palestrina. Programa que Vanerson Bastos e Maria de Fátima não hesitaram em aceitar. Ambos vieram de moto da cidade de Poços de Caldas, de Minas Gerais, a 280 quilômetros de São Paulo, e estão na fila desde às 19h.
Próximo do casal mineiro também pode se ver um grupo de sete pessoas que veio prevenido para não ter de usar o chão como “cama”: os sorocabanos, no Palestra desde as 18h, estão armados com redes. Outros, não irão dormir. Há jovens que se conheceram em um site de relacionamentos e combinaram uma partida de futebol na rua vazia durante a madrugada. Mas tem também os mais “tradicionais”, que preferem se distrair com cerveja e baralho.
Em relação à alimentação, a visão mais comum é de pacotes de bolachas e garrafas de sucos e água. Houve, porém, quem destoou da simplicidade. Uma das atrações da noite foi um pedido de uma garota por três pizzas, entregues em frente à sede de uma organizada localizada na Rua Turiassú.
E para fazer parte dos que assistirão à partida in loco, vale até mesmo perder a aula na faculdade. Este é o caso de Alan Araujo Garcia, de 21 anos, que chegou ao estádio às 20h15 para “acampar” a 30 metros das bilheterias e se assustou ao ver que mais pessoas tiveram a mesma idéia: passar a madrugada em claro por um ingresso.
“Não imaginava que ia ter tanta gente assim. Eu corri para cá porque tinha a informação de que só ia vender no Parque Antártica. Depois, teve muita gente que chegou e deu para ver que não imaginavam isso tudo”, comenta o torcedor, munido de uma bandeira do Palmeiras.
Diante da iniciativa, Alan e seus dois amigos abrigados no principal local de vendas só esperam não ter de passar o que passaram às vésperas da semifinal contra o São Paulo, também no Palestra Itália. O trio ficou sete horas à espera de ingressos, a poucos metros da bilheterias, mas perdeu a viagem e ainda viram muitos bilhetes nas mãos dos cambistas que dominaram o local.
Pelo menos na madrugada, estes vendedores “informais” ainda não deram as caras. “Mas tem muita gente transitando, sem entrar na fila. Principalmente de torcidas organizadas”, avisa Alan. A esperança, no entanto, é de que desta vez o esforço não seja em vão. “Se não conseguir, desacredito em tudo. Estou há uns 30 metros da bilheteria. Da outra vez, estava um pouco mais longe”, relembra Rafael Palmieri Cunha, de 22 anos, amigo de Alan.
Desconfianças à parte, os palmeirenses só pensam em comemorar o título que há tanto tempo não vem. Alguns não param de cantar na fila as músicas que dominam o Palestra Itália em dias de jogos. “Quero estar na final, sou Palmeiras acima de tudo e estamos bem próximos do título. Vai ser 3 a 0, dois do Alex Mineiro e um do Valdívia, para fechar o Paulista”, aposta Alan. “Quero ver o Palmeiras campeão no estádio. Vamos ganhar de 2 a 1, gols de Valdívia e Kléber”, emenda Rafael.
E quem demonstra a mesma confiança, mas não quiser encarar a fila no Palestra Itália para assistir ao jogo, o Palmeiras informa que os ingressos serão vendidos em outros seis pontos:
Estádio do Pacaembu - Praça Charles Muller, s/n.
Ginásio Ibirapuera - Rua Manoel da Nóbrega, s/n.
Estádio do Canindé - Portão 07 Comendador Nestor Pereira, 33.
Ginásio de Esportes José Correia - Av. Guilherme P. Guglielmo, 1000 - Bilheteria A. Barueri.
Pitta Sports - Rua Silva Bueno, 1156 - Ipiranga
Estádio José Bruno Daniel - R. 24 de Maio, s/n Sto.André. Shopping Moto e Aventura - Rua Barão de Limeira, 71 2º Andar
Os preços das entradas, todas com possibilidade de meia-entrada para estudantes, professores, idosos ou aposentados, são os seguintes:
Arquibancada: R$ 40,00
Numerada Coberta: R$ 120,00
Numerada Descoberta: R$ 100,00
Espaço Visa: R$ 100,00
Gualberto
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