Na manhã da próxima terça-feira, o palmeirense provavelmente poderá finalmente conhecer os detalhes da reforma que o Palestra Itália passará para se tornar um dos candidatos a receber jogos da Copa do Mundo de 2014. A apresentação do projeto depende da aprovação do Conselho Deliberativo nesta segunda-feira. E o clima entre os diretores é de total otimismo em relação ao “sim” dos conselheiros. Basta isso para que as obras comecem no dia seguinte.
As novidades que a cúpula promete apresentar são muitas. A principal delas é em relação ao formato do estádio. O contorno do estádio ficará completo, com a implantação de arquibancadas no local onde hoje está localizada a piscina do clube. Além disso, as numeradas ficarão niveladas com o restante da obra e serão construídos anéis (serão três) com 300 camarotes a serem locados por empresas, sócios ou qualquer torcedor que puder arcar com o custo.
Com as obras, a estimativa é de que a capacidade amplie para 45 mil torcedores em partidas que não estejam envolvidas em torneios da Fifa – quando o campeonato for organizado pela entidade mundial, como a Copa do Mundo, o número cai para 42 mil torcedores, já que teriam de ser incluídos na conta 3 mil jornalistas a ocuparem a sala de imprensa. “Em uma Copa, o jornalista vai precisar de muito espaço”, explica o vice-presidente Paulo Nobre.
E espaço é o que deve faltar no novo estacionamento do Palestra Itália. O estádio, pronto, deve disponibilizar espaços para apenas 1400 automóveis. “É pouco, claro que é, mas é melhor que as 200 vagas atuais. Além disso, nós contamos com um fator de sorte: há dois shoppings com grandes estacionamentos muito próximos (Bourbon e West Plaza)”, conta vantagem o vice-presidente.
Diante da expectativa, um dos trunfos do plano alviverde está no arquiteto português Tomás Taveira, responsável por quatro arenas que sediaram confrontos da Eurocopa de 2004, em seu país natal. “Ele tem feito consultas a todos do clube regularmente”, informa o diretor de futebol Genaro Marino. E interessados para tocar o projeto também é o que os cartolas garantem não faltar. “Já assinamos a obra com a WTorre, viramos a ‘noiva’, todos querem participar. E é um projeto de reforma pronto, não um estádio novo”, exalta Nobre.
Tamanha engenharia, contudo, custará ao torcedor palmeirense cerca de 17 meses sem ir à casa do seu time. As previsões são de que a equipe tenha de atuar fora de casa a partir de maio do ano que vem, retornando em 2011 – a estimativa de fim das obras está para dezembro de 2010. “Serão pelo menos dois Brasileiros e um Paulista fora de casa. Mas imagina ser campeão da Libertadores no Pacaembu!”, entusiasma-se Genaro, já indicando qual deve ser a sede dos jogos do Verdão como mandantes.
Negociações na votação – Estes detalhes, contudo, são os que menos devem pesar na votação do Conselho. O que mais deve ser avaliado é a mudança de alguns esportes, hoje localizados dentro do Palestra Itália, para um prédio a ser construído juntamente com uma sede administrativa. “Nossa idéia é fazer com que o estádio seja independente do clube”, esclarece Paulo Nobre.
A diretoria atual quer utilizar este espaço para criar restaurantes e sediar eventos. “Isso é uma necessidade da própria cidade de São Paulo. A empresa que quiser, pode organizar tudo dentro do Palestra e isso gerará lucro. Será muito importante”, ressalta Genaro, exaltando a “multifuncionalidade” do novo estádio.
Se nas palavras da situação a reunião será de maravilhas, a atual gestão justifica pela capacidade que diz ter para gerenciar as contrariedades de alguns dos esportes que serão mudados, como ginástica olímpica e judô.
“Estamos dando um jeito para tudo. Se o esporte falar que tem competição em julho, e por isso não pode mudar, vamos dar um jeito. Se a ginástica não pode ter uma pilastra no meio de seu local de treinamento, também vamos dar um jeito. Essa é uma das forças do nosso projeto, a conversa com todos. Vai ser bom para todo mundo”, discursa o diretor de futebol.
Contas positivas – Colocar em prática a remodelação do Palestra Itália, desejo do clube há muitos anos, é o grande projeto da atual administração. A gestão quer deixar não só o estádio, mas todas as finanças em dia pelo menos até as eleições para um novo presidente, marcadas para 2009. E promete atingir o objetivo sem prejudicar o futebol.
“Não gosto de colocar prazos até ajeitar tudo, mas estamos caminhando. E a maneira de gerar receita é diferente de simplesmente vender alguém do principal para pagar uma dívida. É um desafio para o nosso departamento de marketing. E também podemos fazer como Cruzeiro e Atlético-MG, que vendem jogadores da base com poucas chances de serem aproveitados no profissional e lucram muitos euros com isso”, ensina Genaro.
Com este panorama otimista, o atraso de 14 dias no salário de maio e a possibilidade novos problemas similares ainda nesta temporada, admitida pelos próprios dirigentes, é minimizada. “Esse problema de fluxo de caixa aos poucos vai acabar. Pode ver que nós adiantamos em um dia o pagamento dos direitos de imagem, previsto para o dia 25”, afirma Genaro.
“A política do bom e do barato, que por muito tempo ficou instalada no clube, apequenou e encolheu o Palmeiras. Hoje somos respeitados pelas atitudes que tomamos e por aquilo que é feito dentro de campo”, complementou o vice-presidente de futebol Gilberto Cipullo, em clara alusão à administração de Mustafá Contursi, que presidiu o clube por 15 anos e hoje é ferrenho opositor dos administradores atuais.
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